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domingo, 16 de março de 2014

Quase conto 1



Desengonçada

Desengonçada


Ela era linda, incrivelmente criativa. No entanto, suas ideias não eram organizadas. Eram desengonçadas. Faltava-lhe um toque  de requinte (?).


Ainda assim, tinha um charme singular, até quem não queria olhar olhava. Sem saber, até admirava sua meiguice e simplicidade, mesclado com momentos de impulsos. Coisa que somente o tempo, ajuda necessária e muita paciência poderia lapidar. Na hora certa, transformar.
Riam de seu jeito desengonçado de ser. Invejavam suas criações. Ideias como aquelas não deviam nascer numa cabeça tão avoada. Mas em mentes iluminadas.
Queriam para si aquelas formidáveis ideias. Mesmo sendo bela e criativa não cabia nos grupinhos dos intelectuais. Estava à margem, estereotipada. Rotulada.
Como na escola, as pessoas criam mundinhos e neles só cabem  as pessoas habilitadas. Aquelas com as quais compartilham de iguais interesses e rola uma afinidade. Quem não  atende aos requisitos está fora.
Não queriam a senhorita Desengonçada no meio deles, dela somente riam. Alguns até disfarçavam. A  julgavam burra, já que era tida como avoada.
Ela fingia não ver. Uma das coisas que a vida lhe ensinou foi que até para revidar deve-se analisar se vale a pena. Em quem estaria o problema? Certamente não era nela.
Estavam tão seguros de suas potencialidades que nem percebiam:  se ela pertencia ao grupo das desengonçadas, eles pertenciam ao grupo das ‘Maria vai com as outras’.  Tinham intensa necessidade de pertencer àquele mundo. Sobreviviam de aplausos.
Cada um tem seu lugar, suas habilidades e necessidades. Embora, toda pessoa seja livre para e escolher e perceber como e quando voar. Pois, mais importante que a velocidade é a direção na hora fazer mudanças, como dizia  na frase que ela leu da Clarice Lispector. Mude, mas devagar!
 Há tempo para cada coisa e tudo tem um sentido de ser.
Desengonçada estava no tempo de aprender a  conhecer a si  mesma.  Sem a clareza de quem é, não podia ver as pessoas do modo que elas são.Estamos todos sujeitos a cometer enganos.


....Frag-men-tos....Meus....

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